quinta-feira, 13 de maio de 2010

"Paixonite aguda"

Terminar um namoro é realmente muito difícil. Não só namoro, mas casamento, "juntamento", ficada, rolo, blá, blá, blá. Aquela relação que você acha que vai dar super certo - "os dois se completam" dizem alguns, outros não botam muita fé e fazem você querer batalhar com unhas e dentes por aquela relação - faz simplesmente "puf"! Aquela pessoa alegre, divertida, engraçada, que você era faz "puf" junto. Isso é paixonite aguda: uma doença complexa com etapas patológicas que não tem cura. Primeiro vem a fase do choro. Lágrimas e lágrimas escorrem por cima de um balde de pipoca, ou rios e rios de chocolate (com sorvete). Depois vem a fase do deboche. "Eu estou bem melhor sem ele", "Ela não me merece", "Estou solteiro, vou fazê a rapa" são frases comuns desta etapa. Logo após o deboche vem uma tristeza que não é mais aquele impulso do choro, mas uma coisa bem mais profunda. Nessa etapa você percebe que está sozinho e que nenhuma noitada ou balde de doce vai te curar. Você sente raiva de todos os casais que cruzam o seu caminho, quer se matar no dia dos namorados, fica completamente apático. Você começa a sentir falta de alguém pra dar boa noite no telefone, alguém pra te acompanhar em programas chatos de família, jantar fora, cinema, viagens...Ai quanta coisa boa! É exatamente aí que mora o problema. Essa é a fase mais vulnerável da paixonite aguda. É o momento em que você começa a ligar pra os amigos que você não vê nunca pra chamar pra fazer alguma coisa ou liga compulsivamente para o ex e implora pra voltar.
A última fase é a mais difícil de se alcançar (sim, nem todo mundo consegue passar por todas) e tem dois tipos de resultados. Ou você se cura, percebe que a vida continua e que não necessariamente aquela pessoa era A pessoa pra você, ou você se fecha pra sempre e nunca mais se permite ser contagiado pela paixonite aguda e diz "to vacinado". A segunda opção é com certeza o mais triste desenrolar da doença. Sem pegar a doença você nunca vai ter a melhor experiência da vida: se apaixonar.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Terapia, fazer ou não fazer? Eis a questão.

Estou pensando em fazer terapia. Todo dia fico pensando em mil maneiras de melhorar a vida. Fico matutando pra entender algumas coisas ao meu redor e entender a mim mesma. Será que é necessário fazer terapia? Por um lado sempre penso que a vida pode ser vista como algo cotidiano, afinal problemas acontecem e se resolvem sem que tenhamos muito controle sobre eles. Será que precisamos realmente de alguém para nos ouvir e por conseqüência nos compreender? Ou será que podemos nos focar em pensar em nossas atitudes, problemas e dificuldades sozinhos? Será que nossas ações mudam mesmo se nos conhecemos melhor?
Minha indagação não é uma dúvida sobre a efetividade da terapia. Acredito que tenham muitas pessoas que precisem e se beneficiem com um tratamento. Minha dúvida aqui é se para podermos nos entender necessitamos de alguém que nos ouça, sem julgamentos, sem palpites. Até que ponto realmente precisamos de outra pessoa para chorar, dizer o que realmente pensamos, sentimos e vivemos? Gostaria de experimentar, mas volto sempre à estaca zero. Será que preciso? Ou a terapia é mais um modismo da nossa época que precisamos nos apoiar pra não perdermos o controle, nem esquecermos de que nossas vidas tem problemas que muitas vezes nas nossas cabeças são muito maiores do que realmente são. Estamos mesmo tão sozinhos e isolados do resto das pessoas que precisamos desesperadamente pagar alguém para nos sentirmos menos sozinhos?

sábado, 8 de maio de 2010

A dinâmica do trabalho

Já parou pra pensar em quanto tempo a gente gasta trabalhando? Ficamos até mais tarde pra finalizar alguma coisa que não necessariamente precisa ser terminada imediatamente, ou chegamos mais cedo pra começar alguma coisa que não teria que ser começada antes. Todo esse tempo resulta numa qualidade de vida péssima. Ok, ok, você vai me dizer que PRECISA fazer aquilo, porque alguém superior a você vai te cobrar isso mais tarde, ou que o ciente tem prazos. O que está errado não é você tentar ser o mais profissional possível, isso deveria ser premissa pra qualquer pessoa que trabalha. O que está errado é a dinâmica do processo como um todo. O cliente tem prazos porque alguém "superior" a ele os estipulou, seu chefe te cobra, porque alguém ou algo cobra dele alguma coisa. E se todos nós cobrássemos de quem está "acima" de nós um pouco mais de respeito aos horários estipulados? "Parabéns, você está contratado, começa segunda às oito e o horário de saída é às seis da tarde." Na verdade o que esta pessoa quer dizer é: "Parabéns, você está preso, começa segunda às oito (quando não tem uma coisa importante que tem que ser feita com urgência) e o horário de saída é sabe-se lá que horas."
Quem começa todo esse ciclo? Quem estipula que aquilo é de fato urgente? Alguém vai morrer se você não fizer isso agora? Ok, ok, você vai me dizer que ninguém vai morrer, mas que provavelmente você vai ser mandado embora porque "tem quem faça se você não fizer".
O que eu quero dizer é que a dinâmica só se sustenta porque NÓS permitimos, NÓS dizemos sim para varar a noite, sim para chegar mais cedo, sim pra sair mais tarde, sim pra não passar tempo com sua família, sim pra não ter tempo livre pra nada.
Trabalho é e tem que ser visto como apenas trabalho. Uma atividade que você faz em troca de alguma coisa, que é uma PARTE da sua vida e não o que te define.